24 de janeiro de 2011

Fogo na ponte

Ainda não estamos em época de festas de São João, mas nos céus de Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, já há sinal de fumaça. A população ateou fogo numa pilha pneus na ponte local, principal via de acesso à cidade; bloqueando a DF-280, rodovia que liga o município à Brasília. Os moradores estão indignados com a tarifa de R$ 4,75 implementada no transporte municipal. Acidadania, cansada da vida bandida de Golias vivenciada todos os dias no busão, também alvejou com pedras a vidraça do gabinete da prefeitura.

O sinal de fumaça e os estilhaços não foram vistos com bons olhos pelo prefeito David Leite da Silva (PR), que acionou o Grupo de Operações Especiais da Policia Militar de Goiânia para reprimir o Bolero de Satã orquestrado pela trombeta ensurdecedora de 2 mil incandescentes munícipes inflamando os flancos da manifestação com pedras e garrafas.

Os revoltosos foram repelidos com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os humores só se acalmaram com a mão divina do padre local, que abriu as portas da Igreja para abrigar os manifestantes – carentes de um ombro público que repare o prejuízo moral que as tarifas lhes causam no bolso –, apaziguando o ímpeto policial e os ânimos da manifestação que, ao que tudo indica, se tornará mais uma causa pagã.

Segundo reportagem do Bom Dia Brasil DF, além das condições precárias das rodovias e do preço exorbitante das tarifas, os moradores que necessitam se deslocar para Brasília, a trabalho, convivem desde o ano de 2009 com rotineiros assaltos a mão armada, realizados à luz do dia no trajeto de 50 km que separa as duas cidades.

O percurso interestadual é realizado por apenas uma única empresa de transporte coletivo. Sobre o preço abusivo do passe, o prefeito lavou as mãos; disse que apenas cumpre rigorosamente a tabela estabelecida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

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