25 de janeiro de 2011

Casa da Leitura

Hoje é aniversário da cidade de São Paulo, praça urbana mais movimentada e conhecida do Brasil. Não faltariam argumentos para devotar algumas palavras de admiração sobre a terra da garoa do glorioso sambista Adoniran Barbosa. Acredito que muitos mestres e doutores já se empenharam nesta tarefa de esgotar em teses e dissertações,as múltiplas facetas da movimentada metrópole. O maior presente que a cidade ganhou foi reinauguração da primeira biblioteca pública de São Paulo.

Mário de Andrade. Após três anos de reformas na estrutura, a Biblioteca Mário de Andradade - segunda maior do país - reabriu suas portas a visitação. Foram gastos R$ 16 milhões de reais, empreendidos na restauração de móveis antigos, obras raras, reforma nas alas, saguão e sonho antigo de instalar um sistema de refrigeração e climatização. Constam do seu acervo mais de 327 mil obras, das quais 51 mil são obras raras. A diretora da biblioteca, Maria Barbosa de Almeida, explica que, com as reformas, 700 pessoas passaram a circular diariamente a ala circundante, de livre acesso ao público.

O prédio que abriga a Biblioteca Mário de Andrade foi inaugurado em 1943. O poeta foi homenageado com o nome da biblioteca porque foi um dos idealizadores e criadores do Secretária de Cultura da cidade. O poeta também auxiliou na criação da Semana de Arte Moderna de 1922, impulsionada por uma geração de grandes artistas, como o glorioso maestro e compositor Heitor Villa-Lobos e da pintora e desenhista Tarsila do Amaral. O poeta Mário de Andrade faz parte da vangudarda do Movimento Modernista, que trouxe muitas novidades no cenário cultural, artístico e estético do país. O arquiteto Oscar Niemeyer faz parte da segunda geração modernista. Ele é grão-mestre do modernismo na arquitetura brasileira.

Nacional do Rio.
A Biblioteca Nacional, localizada na cidade do Rio de Janeiro é a biblioteca mais bem estruturada do país e possuí o maior acervo bibliotecário da América Latina, com aproximadamente nove millhões de obras sob sua tutela. Ano passado a biblioteca não passou por reformas estruturais, mas nos últimos quatro anos foram implementadas uma série de inovações em comemoração aos 200 anos de sua existência no país através da digitalização de grande parte do acervo de obras raras. Atualmente a Biblioteca Nacional possui o oitavo maior acervo do mundo.

Consta do seu catálogo, uma coleção com 25 mil fotografias e diversos manuscritos doados à biblioteca pelo imperadorDom Pedro II, logo após ter sido exonerado do cargo, com a instauração do regime republicano no país. A única exigência imposta pelo ex-imperador foi que a coleção conservasse o nome da sua esposa, a imperatriz Theresa Christina. Dom Pedro II é o autor das três primeiras fotos captadas em solo tupiniquim.

Mas a pedra filosofal da Biblioteca Nacional foi trazida com a vinda da família real portuguesa, para o Brasil, em 1808. Dom João VI trouxe no seu bojo lusitano, a obra mais antiga da Nacional, a Bíblia de Mogúcia, impressa em 1462, por Johannem Füst, sócio do ourives e tipógrafo Johann Gutemberg pai da imprensa, inventor da prensa com tipos móveis metálicos, que permitiram a reprodução massiva de várias obras que até então eram reproduzidas pelos monges – escribas e copistas - nos mosteiros feudais da Europa Medieval. Com o invento de Gutemberg, abriu-se um novo horizonte para a elaboração de diversas peças gráficas. Os tipos móveis alavancaram a circulação do conhecimento.

Bibliotecas públicas. É sabido que os livros são um ótimo meio de entretenimento, cultura e educação. O que nos falta são bibliotecas públicas bem estruturadas para que as obras passem circular com freqüência nos lares brasileiros. A leitura é uma fuga saudável dos afazeres da rotina. Bibliotecas climatizadas despertam uma gostosa sensação de aconchego aos seus visitantes. Também é notório que várias bibliotecas Brasil afora precisam restaurar sua coleção de obras raras e renovar o acervo para atender a demanda crescente de um publico leitor em constante formação.

Visando estabelecer esse projeto de uma nação imbuída com o anzol das letras e encetada pelo arco mágico das palavras, o sociologo Juca Ferreira, ministro da Cultura do governo anterior, anunciou a criação do programa governamental Mais Cultura para as Bibliotecas Públicas, que a principio busca sanar as dificuldades e deficiências de aproximadamente 300 bibliotecas espalhadas por diversas cidades, com recursos do porte de R$ 30,6 milhões para realizar modernização de equipamentos e instalação dos espaços públicos para a leitura nos municípios.

Em junho de 2010, o Ministério da Cultura publicou no Diário Oficial da União, edital prorrogando o prazo de inscrição no programa para até 15 de julho de 2010. As prefeituras que efetuaram cadastro e não tiveram suas bibliotecas selecionadas no primeiro lote do programa, tiveram até o dia 7 de janeiro deste ano para entrar com recuso. O edital do programa federal foi dividido em três categorias: Apoio a Bibliotecas Municipais; Implantação de Bibliotecas de Bairro; Distritais e/ou Rurais e Apoio a Bibliotecas Acessíveis. As cidades contempladas pelo projeto podem ser vista aqui.

Hábito da Leitura. Fazer do livro um produto acessível todos é a grande missão do jornalista e escritor Galeno Amorim que assumiu a presidência da Fundação Biblioteca Nacional, no dia 24 de janeiro. No governo da presidente Dilma, a fundação ficará responsável pela política pública da leitura e do livro no Brasil. A maior prioridade de Amorim é buscar formas de popularizar o acesso aos livros e outros materiais de leitura. O jornalista criou em 2006 o Plano Nacional do Livro e da Leitura.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, promovida pelo Instituto Pró-Livro em 2008, revela que a média de leitura do brasileiro está melhorando gradativamente. Os dados apontam que, na média, lemos 4,7 livros por ano. Os custos de produção das obras ainda é um grande obstáculo para a circulação e disseminação dos livros nas camadas mais populares. O jornalista foi incubido pela batuta da ministra Cultura, Ana de Hollanda, a preparar o terreno para a criação do Instituto Nacional do Livro e da Leitura

Mas de nada vale a beleza de datas históricas, o apoio de grandes nomes e o auxílio de programas governamentais se o hábito da leitura não for inserido e estimulado principalmente pela família, responsável pela nossa educação primária. A nossa auto-consciência também pode nos auxiliar nesta tarefa. Os pixels e bits brilhantes da telinha do computador muitas vezes não conseguem mensurar a beleza estética de uma obra impressa. Os livros são a garantia de uma existência plena na face da terra. Só a leitura salva da nebulosidade dos fatos.

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