2 de fevereiro de 2011

Semestre Legislativo

Começou o semestre político no Congresso Nacional. Senadores e deputados calouros encheram de vivacidade os corredores da casa legislativa, que no semestre passado ficou jogada às traças devido ao pleito eleitoral de outubro. Metade dos eleitos são marinheiros de primeiro embarque. Sangue novo ululando nas veias do Congresso. Muitos chegaram querendo mostrar serviço, ansiosos em pincelar o primeiro canetaço. Outros, fazendo graça para provocar o riso. Mas a unanimidade entre os neófitos, claro, era distribuir calorosos autógrafos. É importante sair bem na capa dos impressos e no fugaz álbum de fotografias do eleitor.

“Esse repórter me atazanando os neurônios novamente. Mas hoje falei bonito. Será que vão me dar pelo menos uma notinha de capa?” Devaneiam nos corredores alguns parlamentares veteranos de uma ala mais dantesca da casa. Um plenário cada vez mais colorido e eclético a cada legislatura empossada. Garbosos marajás, boxeadores, empreiteiros, juristas, professores, religiosos, jogadores de futebol, ruralistas, até um ex-BBB. Todos ávidos em exercer o sagrado dever de representar a população na primeira semana legislativa de 2011.

Ontem, numa animosidade impar, os congressistas elegeram os presidentes da Câmara e do Senado, 'legitimando' a confiança das urnas. A Câmara Federal ficou a cargo do deputado Marco Maia (PT-RS). Em nome do 'sacrificio pessoal', José Sarney (PMDB-AP) reassumiu a presidência do Senado, superando os anos de legislatura de Ruy Barbosa, o águia de Haia. Nos próximos dois anos, Sarney trilhará tranqüilamente os passos do seu quarto mandato na presidência do Senado. Com salva de 21 tiros de canhão, ele passou a tropa em revista, dando início aos trabalhos da 54ª Legislatura do Congresso Nacional.

Piada. Tiririca - o deputado federal mais votado do país - resolveu sair de vez do armário. Seu nome de batismo não constará do painel de votação da casa. O parlamentar achou de bom tom utilizar seu nome de guerra circense. Membro do time dos congressistas calouros, o humorista tem planos ousados no plenário. Quer fazer parte da Comissão de Educação da casa. Há duas semanas atrás, o deputado se mostrou otimista com o salário de 24 mil reais. Os congressistas vão perceber o mesmo salário de um ministro do Supremo. O valor corresponde ao teto salarial do serviço público brasileiro.

Justiça. Sangue novo também pulsando nas veias do Supremo. Foi publicado hoje no Diário Oficial da União, a nomeação do juiz Luiz Fux. Ele vai preencher a vaga ociosa de 11º ministro do Supremo Tribunal Federal. O futuro ministro ingressou na magistratura em 1982. Também é professor titular da UERJ. Aprovado em primeiro lugar em ambos os concursos. O jurista é autor de dezessete livros. Fux vai substituir o ministro Eros Grau, aposentado em agosto do ano passado. Com a nomeação do juíz, as votações relativas as questões pendentes sobre os candidatos ficha-suja poderão ser retomadas. É a mão de Minerva pesando sobre os ombros do novo ministro.

Planos. Guiada pelo caduceu de Hermes, a presidente foi entregar a mensagem do Executivo ao Congresso Nacional. Dilma Rousseff salientou alguns velhos fantasmas que assombram o país. Defendeu um pacto nacional contra a miséria. Enfatizou a necessidade de ganhos reais para o salário mínimo brasileiro. Também corroborou a necessidade de priorizar a Reforma Política e Tributária na pauta de votações do Congresso. Agora resta saber se os parlamentares vão honrar de fato a carta de intenções prometidas no pleito eleitoral do ano passado com a dignidade que o cargo merece. Que Iemanjá nos proteja.

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